Participar de grandes feiras de negócios custa carofortune rabbit ganhos， mas pequenas feiras e bazares têm preço mais acessível (alguns são de graça) para micro e pequenos empreendedores. Com um calendário que não para de crescer， oferecem oportunidades principalmente para quem não tem loja física.
Desde que lançou a marca Curiosa， em 2022， a ceramista Luiza Marçal， 36， participa de todas as edições da Feira na Rosenbaum， em São Paulo. A cada evento de quatro dias， ela vende cerca de 20 abajures modelados à mão， com preços a partir de R$ 1.450. "Como meu ateliê está sempre bagunçado e fica em um prédio sem acessibilidade， faz falta um ponto para receber clientes"， ela diz.
Vender é o principal objetivo， admite a ceramista， mas rechear o caixa não é sua única intenção —na feira， ela faz contatos com consumidores e outros empreendedores. "Entendo o que o público pensa das minhas criações， conheço fornecedores e interajo com criativos de outras marcas， que têm as mesmas dores que eu"， explica.
Para estar na Feira na Rosenbaum， que realiza cerca de oito edições anuais em cinco cidades， Marçal paga R$ 2.000 de taxa de participação， mais 20% sobre as vendas. A taxa inclui o mobiliário para expor as peças， ponto de eletricidade e auxílio na montagem. Nas edições fora de São Paulo， a organização se encarrega do transporte dos produtos. Os outros custos da viagem saem do bolso de cada empreendedor.
A ceramista Luiza Marçal， da Curiosa， que faz abajures modelados à mão， em seu ateliê， em Santa Cecília， região central de São Paulo
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Lucas Seixas/Folhapress
A feira realizada em São Paulo pouco antes do Natal de 2024 foi mais longa. Como durou dez dias， a taxa cobrada foi de R$ 3.000， mas a ceramista garante que valeu o investimento —suas vendas triplicaram.
Com mais de uma dezena de edições no currículo， Marçal já aprendeu algumas lições. Sabe， por exemplo， que não pode encarar a empreitada sozinha. "É muito cansativo， você fica de pé o dia inteiro e mal tem tempo para comer"， argumenta.
Ela também já descobriu que o retorno financeiro não vem necessariamente enquanto a feira está montada – como seus abajures são grandes， pesados e difíceis de carregar， não é raro um cliente gostar da peça e resolver comprar depois， pelo ecommerce.
Também foi em feiras que Felipe Hakim， 43， fundador da charcutaria St. Cutelo， tornou sua marca conhecida. A trajetória dele se parece com a de boa parte dos empreendedores do ramo da gastronomia —advogado de formação， começou a produzir salames e linguiças como hobby até participar da Feira Sabor Nacional， em 2017. No evento， descobriu que tinha um negócio promissor nas mãos.
Nascida no agora desativado Museu da Casa Brasileira， a feira acontece na Cinemateca desde 2022. Em 2024， a taxa de participação custava entre R$ 1.200 e R$ 2.000， dependendo do espaço e da estrutura， mais comissão de 10% sobre vendas (a taxa de 2025 ainda não foi definida).
"Como a feira reúne produtores mais vanguardistas e atrai um público que vai em busca disso， descobri um mercado que não conhecia. A St. Cutelo virou uma empresa por causa da Sabor Nacional"， diz Hakim.
Com 15 itens em linha， que somam quatro toneladas mensais， o charcuteiro já tem ecommerce próprio， mas não abre mão de montar seu estande sempre que acontece a feira. Por edição， ele vende cerca de cem quilos de produtos e reserva mais dez quilos para oferecer gratuitamente， como degustação.
Nas feiras do ramo de alimentação， esse investimento é fundamental， avisa Claudia Mello， 59， sócia da Feira Sabor Nacional: "Quem não oferece degustação não vende. O expositor tem que estar disposto a demonstrar atenção com o consumidor."
Para participar de feiras criativas， não basta pagar —os organizadores selecionam os expositores a partir de vários critérios. Curadora da Feira na Rosenbaum， Cris Rosenbaum garimpa redes sociais em busca de novos designers e artistas populares. Como muitos são estreantes no contato direto com o público， ela ajuda a dimensionar o estoque e a planejar a exposição das peças.
A assessoria e a infraestrutura que cada organizador oferece， segundo Hakim， são fatores importantes a levar em conta antes de decidir por uma ou outra feira. A expectativa de público também.
"Já testei muitas. Além da taxa e do percentual sobre as vendas， muitos outros custos devem entrar na conta， como deslocamento e a hospedagem， se for o caso. Por isso， só participo de feiras onde sei que vou faturar bem."
Marçal participa de todas as edições da Feira na Rosenbaum
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Lucas Seixas/Folhapress
Segundo Juliana Segallio， consultora de acesso a mercados do Sebrae-SP， quem nunca participou de uma feira criativa precisa se dedicar bastante à estreia. Para começar， não existe um calendário unificado de feiras de rua， bazares e espaços colaborativos itinerantes. "Não adianta procurar pelo site ‘feiras maravilhosas para eu estar’. Tem que pesquisar muito nas entidades de classe， redes sociais， associações comerciais de cidades menores e nos próprios escritórios do Sebrae"， ela aconselha.
Juliana recomenda pensar fora da caixa. "Não procure apenas as feiras do próprio segmento. Cosméticos naturais， por exemplo， podem estar em uma feira mística， assim como itens de madeira， como tábuas， têm sinergia com uma feira de gastronomia"， emenda. Confira， a seguir， outras recomendações da consultora:
● Antes de assinar o contrato， visite a feira， como consumidor， e converse com expositores;
● Compare a taxa e o percentual sobre as vendas com a infraestrutura oferecida. Se a organização não oferecer mobiliário expositor， não invista alto —no começo， é melhor alugar;
● Divulgue a participação na feira com o máximo de antecedência;
● Pesquise técnicas de visual merchandising (personalização do espaço da marca) para expor seus produtos da forma eficiente;
● Vá em dupla – as feiras são longas， cansativas， e os expositores precisam de tempo para comer e ir ao banheiro. "Quem fica no estande precisa estar 100% disponível para o cliente; pega mal descansar na frente do público"， diz a consultora;
● Esteja disposto a falar muito， a contar sua história e explicar sobre seu produto centenas de vezes;
● Sinalize os preços com clareza;
● Não repita os mesmos produtos —leve novidades e proponha kits temáticos em datas especiais.
Saiba quanto custa participar de algumas das feiras criativas mais disputadas de São Paulo
Feira das Ideias
A cada dois meses， ao longo de dois dias， reúne marcas de moda， decoração， arte， gastronomia e cerâmica. Investimento a partir de R$ 790 Expectativa de público cerca de 2.000 pessoas Contato Instagram @feiradasideias
Feira do Caminho do Queijo Paulista
A edição é anual e dura dois dias. Além dos 16 queijeiros que compõem a organização， participam pequenos produtores convidados dos segmentos de vinho， cerveja， chocolate， mel e charcutaria， entre outros. Investimento a partir de R$ 3.000 Expectativa de público cerca de 6.000 pessoas Contato caminhodoqueijopaulista.com
Aqui a diversão não para | Cassino online aposte agoraFeira Jardim Secreto
Em 12 edições anuais， reúne empreendedores especializados em produção manual e sustentável， de vários segmentos， ao longo de dois dias. Investimento a partir de R$ 400 (não cobra comissão) Expectativa de público cerca de 5.000 pessoas Contato feirajardimsecreto.com.br
Feira Mente Empreenda
Doze edições mensais， com dois dias cada uma， já estão programadas para 2025， todas na Unibes Cultural. Participam marcas de alimentos， publicações， artesanato， decoração， acessórios， vestuário e cosméticos， entre outros —a curadoria tem como base o tema e as efemérides do mês. Investimento grátis (não cobra taxa nem comissão) Expectativa de público de 600 a 800 pessoas por dia Contato unibescultural.org.br
jogo do tigreFeira Miolos Em novembro， o evento promovido pela Biblioteca Mário de Andrade e pela editora Lote 42 reúne， ao longo de dois dias， editoras independentes e artistas gráficos. Investimento grátis Expectativa de público 8.000 pessoas Contato Instagram @feiramiolos
Feira na Rosenbaum
Especializada em design e arte brasileira， realiza em torno de oito edições anuais， dentro e fora de São Paulo. Cada edição dura de quatro a dez dias. Investimento a partir de R$ 2.000， mais 10% a 15% de comissão sobre vendas Expectativa de público cerca de mil pessoas por dia Contato feiranarosenbaum.com.br
Feira Ofício
No segundo fim de semana de cada mês， ao longo de dois dias， reúne criativos de moda， acessórios， decoração， cerâmica， publicações， arte e bem-estar. Investimento a partir de R$ 600 Expectativa de público de 3.000 a 5.000 pessoas por dia Contato oficiofeira.com.br
Feira Rasga amp; Quebra
Organizada pela loja Gengibrão， acontece duas vezes ao ano e reúne， em dois dias， cem artistas e projetos independentes relacionados à arte impressa， publicações e cerâmicas. Investimento R$ 500， mais 10% de comissão sobre vendas Expectativa de público 5.000 pessoas Contato Instagram @gengibrao
Feira Sabor Nacional
Reúne produtos gastronômicos artesanais em quatro edições anuais， na Cinemateca de São Paulo. Cada edição dura dois dias， sempre sábado e domingo. Investimento a partir de R$ 1.300， mais 10% de comissão sobre as vendas Expectativa de público 8.000 a 10.000 pessoas por edição Contato feirasabornacional.com.br
Mercado das Madalenas
São três edições anuais， que duram dois dias e reúnem em torno de cem expositores de moda e acessórios. Investimento a partir de R$ 1.500， mais 20% de comissão sobre as vendas Expectativa de público cerca de 4.000 pessoas Contato – Instagram @mercadodasmadalenas
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