Em uma nova pesquisajogos pagando dinheiro, cientistas da Bélgica descobriram que a disponibilidade do aminoácido aspartato no pulmão pode ser uma das razões para mais da metade dos pacientes com câncer e metástase terem esses órgãos afetados pelas células cancerígenas.
A novidade é mais uma peça que nos ajuda a compreender a biologia do câncer. Além disso, também oferece mais um possível alvo que pode dar origem a novos tratamentos para doenças metastáticas.
A metástase não é uma doença, mas sim uma evolução que alguns tipos de câncer podem sofrer. Embora surjam em um órgão específico do corpo humano, na forma de tumor primário, as células cancerígenas podem se espalhar pelas correntes sanguíneas ou linfáticas e se depositarem em outras regiões.
A metástase não é uma doença, mas sim uma evolução que alguns tipos de câncer podem sofrer - agenturfotografin/Adobe StockGiseli Klassen, professora e pesquisadora da UFPR (Universidade Federal do Paraná), explica que as células metastáticas possuem uma proteína que atua como se fosse uma chave, e busca um ligante em outros tecidos do corpo.
Cada tipo de tumor gera metástases com preferências por determinados órgãos. Muitos deles pelo pulmão, como no caso dos cânceres de mama, rim, esôfago ou mesmo de outro pulmão. O osso e o cérebro também estão entre os alvos mais comuns.
Klassen afirma que, embora o diagnóstico da metástase tenha evoluído muito nos últimos anos, ainda hoje o problema não tem tratamento. Ela acredita, entretanto, que ainda dentro dos próximos dez anos os cientistas encontrarão uma terapia, dado o tamanho dos investimentos em pesquisa para esse fim no mundo inteiro.
O resultado da nova pesquisa pode ser mais um passo nessa direção. Interessados em decifrar o papel dos pulmões na evolução da metástase, os pesquisadores belgas selecionaram células metastáticas pulmonares agressivas e analisaram a forma na qual seus genes se expressam. O nosso código genético é como um manual de instruções que o organismo usa para produzir proteínas, e foi esse o processo no qual os especialistas se concentraram.
Acontece que, entre camundongos e pacientes com metástase nos pulmões, a interpretação deste manual não é feita conforme o esperado. Há uma mudança na expressão genética que favorece o espraiamento das células cancerígenas. E na origem dessa alteração está o aspartato.
O aspartato é uma das peças usadas na formação das proteínas (chamadas aminoácidos), normalmente encontrado em baixas concentrações no sangue. Entretanto, em pacientes de metástase, está presente em grandes quantidades nos pulmões. Os especialistas belgas foram capazes de identificar com precisão o mecanismo pelo qual essa pequena molécula é capaz de deturpar o funcionamento normal do organismo.
Com a descoberta, médicos e cientistas têm um novo alvo para o qual mirar na busca de um tratamento para a metástase. Segundo os autores do estudo, existem drogas disponíveis capazes de atingir esse mecanismo e que talvez possam ser adaptadas. O trabalho foi publicado na revista científica Nature.
Simone Fortaleza, pneumologista da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), ressalta que a única forma de prevenir a metástase é por meio do diagnóstico precoce e tratamento dos tumores nas fases iniciais da doença, evitando que haja espalhamento das células cancerígenas pelo organismo.
Uma vez em metástase, a expectativa de vida dos pacientes reduz drasticamente. Apenas quadros muito simples, que afetam apenas um órgão são eletivos para cirurgia, que são capazes de garantir uma sobrevida maior do que a quimio, radio ou imunoterapia.
Com o surgimento de tecnologias de inteligência artificial e aprendizagem de máquina, pesquisadores deram um novo gás aos estudos de predição do risco de metástase, que pode garantir o acesso a um tratamento preventivo aos pacientes de câncer.
Um estudo do ano passado, desenvolvido por pesquisadores chineses, mostrou que métodos de aprendizagem de máquina são capazes de prever metástase distante em pacientes com alta precisão.
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Para chegar nos resultados, os especialistas rastrearam genes alvos de metástase de câncer de mama e fizeram estudos estatísticos de correlação. Eles acreditam que, após uma validação do método utilizando ensaios clínicos reais, o modelo possa ser usado por médicos e especialistas no acompanhamento dos seus pacientes. Em um estágio posterior, seria até mesmo possível refinar o modelo para órgãos específicos, o que forneceria base para tratamentos personalizados.
No mesmo ano, pesquisadores dos Estados Unidos investigaram o uso de inteligência artificial na predição do espraiamento dos tumores para o cérebro em pacientes com câncer de pulmão. Foram utilizados na pesquisa dados de 158 pacientes acompanhados por 5 anos, dos quais 65 desenvolveram metástase.
O algoritmo de modelos de aprendizado profundo (deep learning) foi capaz de prever a evolução da doença com precisão de 87%. Em comparação, quatro patologistas tiveram uma média de acerto de 57,3% na previsão. Os autores do trabalho concluem que os modelos computacionais são úteis na previsão de metástases cerebrais em pacientes em estágio inicial.
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